A gente se acostuma a acordar cada vez mais cedo e dormir cada vez mais tarde.
A gente se acostuma com o ônibus, trem e metrô cada vez mais lotados.
A gente se acostuma a pagar mais do que as coisas valem.
A gente se acostuma a pagar cada vez mais impostos e ter cada vez menos educação, saúde e transporte públicos.
A gente se acostuma a ver o dinheiro público ir parar nas malas, meias e cuecas.
A gente se acostuma a pagar o “cafezinho” do guarda pra se livrar da multa.
É, a gente se acostuma com a corrupção (grande e pequena) em todo lugar, e se acostuma achar natural, afinal ela é tipicamente brasileira.
A gente se acostuma à democracia do voto obrigatório e logo se acostuma a esquecer em quem votou.
A gente se acostuma com a democracia que permite a fome, a tortura, a perseguição.
Mas mesmo assim a gente se acostumou a chamar a nossa nação de “país do futuro”.
E agora vem a copa, já que a gente se acostumou a usar o futebol pra esquecer. Nada contra, adoro futebol e sim, vou torcer como todos os brasileiros, mas que a gente se acostuma a esquecer rapidinho como estamos na lama com uma copa do mundo, ah isso a gente se acostuma melhor do que ninguém.
É por isso que eu digo: a conformidade é um grande perigo. É um sentimento que estaciona o individuo e o coloca na posição da tranquilidade em demasia, confortável e sólida. Se tiver algo para escapar da realidade então, melhor ainda. E em nosso país com tantos casos de corrupção e pseudo-políticos e o pouco interesse pela grande maioria da população em política fica difícil de ter uma mudança grande, uma revolução. Se a gente continuar só se acostumando, o país não anda, não se torna o país do futuro.
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