segunda-feira, 29 de julho de 2013

Eu recomendo: Livro “Arriscar é viver”


 
Não se deixe enganar pelo título clichê da edição brasileira (The breaking of eggs, no original). Longe de ser um romance pastelão, a obra de Jim Powell é uma ótima pedida. Em tempos de discussão política como a que vivemos recentemente no Brasil, esta é uma leitura recomendada para quem gosta de não só de análises politicas, mas de saber como elas foram moldadas ao longo da História.

Comunismo, Capitalismo, Guerra Fria, Nazismo, Guerras Mundiais, estes são alguns dos eventos do século XX abordados neste romance. A vida do protagonista é traçada como um interessante paralelo à história do Muro de Berlim.

Mas, mais do que uma verdadeira aula de história que nos leva a refletir que papel damos à política em nossas vidas, que partido tomamos diante do que nos é posto na vida social e até que pontos escolhemos nossas amizades de acordo com nossos posicionamentos políticos, “Arriscar é viver” é um belo retrato de solidão, família, traição, amizade, e de tantos outros paradoxos da vida.

Não vou falar mais nada para não perder a graça. Vai um trecho para matar a curiosidade. Não se limitem a isso. Vão ler e emocionar-se (ou não) como eu. Aceito debates sobre a leitura depois. Para quem está com o orçamento apertado, vai uma dica: A seção circulante da Mário de Andrade tem o livro disponível para empréstimo. Foi lá que encontrei este tesouro.

“Acho que existem dois tipos de história. Há história dos grandes eventos, a marcha do progresso científico, o embate de ideologias, guerras e desastres. Depois existe a história que é vivida por milhões de pessoas, em toda a Europa, em todo o mundo. A história dos nascimentos de crianças choronas, da infância inocente e da adolescência rude, a perda da inocência, do amor e sua evaporação lenta, de trabalho e salários, do casamento e família, da morte. E nenhum dos grandes eventos, por mais assombroso, destrói a crônica da vida individual daqueles que os sobreviveram. Tudo isso permanece nos ciclos mutáveis e imutáveis do tempo.

A história dos grandes eventos é radical e revolucionária. Ela rasga as linhas irregulares do tecido sem costuras de nosso mundo. E então a história das coisas pequenas se reafirma. Ritmos e ciclos da vida resumem, conservadores e cautelosos, a história das mães e da sequencia contínua, da costureira em sua maquina, diligentemente costurando os rasgos irregulares, refazendo novamente o tecido.

Talvez haja uma terceira história, a história real: o crupiê do tempo, que pega essas duas outras histórias, que as sacode como dois dados no copo e observa com neutra indiferença as marés dos grandes eventos baterem caprichosamente nos vasos das vidas individuais. E quem de nós se sente sortudo hoje? Faîtes vos jeux.

Em algum lugar dessa concatenação de eventos, grandes e pequenos, está a disposição de todas as nossas vidas.”

 

Um comentário:

  1. oi Cá parece mesmo interessante vou adicionar a minha lista de leitura :) bjus

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